Site The Intercept divulga conversas privadas entre juiz Moro e procuradores da Lava Jato no Brasil
NoticiasO site The Intercept Brasil divulgou, neste domingo (9), conversas privadas atribuídas ao então juiz federal Sérgio Moro e ao procurador Deltan Dallagnol, além de outros agentes do Ministério Público Federal no Estado do Paraná, que mostram uma troca de colaborações quando lideravam fases da Operação Lava-Jato.
As mensagens foram trocadas em grupos da força-tarefa no aplicativo Telegram, de 2015 a 2018, e foram obtidas pelo Intercept de uma fonte anônima. Os diálogos colocam sob questionamento a imparcialidade da investigação que conduziu à prisão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir da sentença de Moro. O juiz deixou o comando da Lava Jato e renunciou à magistratura no fim do ano passado ao aceitar o convite do atual presidente Jair Bolsonaro para comandar o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Em diversas conversas, Moro sugere ao procurador Dallagnol a troca na ordem de fases da Lava Jato, cobra agilidade em novas operações, dá conselhos estratégicos e pistas informais de investigação, antecipa ao menos uma decisão, critica e sugere recursos ao Ministério Público, além de dar ordens como se fosse um superior hierárquico dos procuradores e da Polícia Federal.
Em outras conversas, agentes fiscais do Ministério Público ainda discutem formas de barrar uma entrevista que Lula, em prisão desde abril de 2018, concederia ao jornal Folha de S. Paulo pouco antes do primeiro turno porque poderia beneficiar ao Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições de outubro do ano passado.
A cúpula do Congresso Nacional vê como «muito provável» a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o vazamento dos diálogos e a oposição já sinaliza com pedido de convocação do ministro Moro do plenário da Câmara dos Deputados. A maior preocupação dos integrantes do governo com a denúncia é de que isso prejudique a tramitação da Reforma da Previdência, considerada a prioridade para este ano pelos governistas.
Nesta segunda-feira (10), três membros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) solicitaram uma investigação ao corregedor nacional para apurar os fatos noticiados pelo site. No documento, os conselheiros destacam que «caso forem verídicas as mensagens e correta a imputação de contexto sugerida na reportagem, independentemente da duvidosa forma como teriam sido obtidas, faz-se imperiosa a atuação do Conselho Nacional do Ministério Público».