Parlamentares e líderes socialistas da AL propõem reunir conteúdos sobre gênero em plataforma on line
NoticiasO núcleo de Mulheres, Gênero e Igualdade da Coordenação Socialista Latino-Americana (CSL-MGI) discutiu com a bancada feminista do Congresso Nacional brasileiro sobre questões de gênero e a representação feminina na política dos seus respectivos países. O encontro, realizado na Câmara dos Deputados, reuniu oito representantes latino-americanas de partidos membros da CSL-MGI e deputadas de partidos brasileiros que compõem a Secretaria da Mulher na Casa.
As mulheres propuseram reunir conteúdo sobre questões de gênero em plataforma virtual conjunta e suprapartidária, que deve servir também de fórum de discussão sobre temas comuns que envolvem mulheres, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais na América Latina.
As socialistas latino-americanas Estela Molero (Argentina), Shady Ruiz Diaz Medina (Paraguai), Carmen Anastasia Suárez (Uruguai), Benilda Santana (Panamá), Gladys Fernandéz (Peru), Gahela Contreras (Peru), Patricia Romero (Peru) e Susana Delgado (Equador) participaram da reunião. A secretária-geral da CSL-MGI e secretária nacional de Mulheres do PSB, Dora Pires, também esteve presente.
Na condução dos trabalhos estavam as deputadas do PSB Keiko Ota (SP) e Janete Capiberibe (AP). As deputadas socialistas Creuza Pereira (PE) e Maria Helena (RR), além do deputado e líder do PSB na Câmara Júlio Delgado, participaram da reunião.
Segundo dados oficiais do Congresso Nacional, no Brasil, apesar de as mulheres serem mais da metade dos eleitores (52%), apenas 10% das vagas no parlamento brasileiro são ocupadas por elas. Esse percentual é muito inferior aos de países como a Argentina e o Equador (ambos com 40%) e Peru (25%).
A deputada Janete Capiberibe (PSB) destacou que a ferramenta virtual será um «banco de boas experiências». «Fica a recomendação de todas as nossas companheiras para a criação dessa plataforma comum e suprapartidária das mulheres latino-americanas para servir como um local de troca de experiências, assim como fizemos hoje presencialmente. O objetivo é que continuemos o enriquecimento de cada uma de nós, mulheres, e dos nossos partidos», explicou.
Para a senadora socialista Lídice da Mata, a participação da mulher na política está diretamente relacionada à democratização da sociedade. «Essa pouca democratização na base da sociedade brasileira faz com que tenhamos uma pequena representação de mulheres nos parlamentos. Mas creio que essa bandeira nos une e por meio dessa plataforma de luta ficaremos mais fortalecidas ainda em toda a América Latina.»
Keiko afirmou que o debate sobre a participação feminina na política é comum a todos os países e vai ‘além das fronteiras’. «Momentos como esse em que podemos conhecer, compartilhar e debater a verdadeira importância do papel da mulher na política é prova de que não há fronteiras para as nossas causas. Tenho certeza de que o pensamento de todas é que não queremos competir com os parlamentares homens, mas somar», disse.
A integrante do Partido Socialista da Argentina e secretária-geral adjunta da CSL, Estela Molero, afirmou que o blog da Coordenação (www.cslatinoamericana.org), especialmente com a criação de sua instância de Mulheres, Gênero e Igualdade, também possui notícias, artigos, vídeos e outros conteúdos sobre as temáticas que envolvem esses públicos.
«A ideia é trocar experiências e realizar atividades como esta que estamos promovendo aqui. É uma ferramenta muito útil para a luta das mulheres e queremos colocá-la à disposição de todas desse parlamento para que seja uma realidade a afirmação dos nossos direitos no século 21», disse.
Segundo o deputado Júlio Delgado, o PSB é o partido que possui maior número de mulheres proporcionalmente na Câmara. Ele lembrou que a legislação eleitoral do país obriga a cada partido ter 30% de representação feminina na Casa. No PSB, há cinco deputadas de um total de 30, o que corresponde a 20%. «Isso mostra o compromisso do nosso partido de reforçar a representatividade e a participação da mulher na política nos mandatos que exercem aqui. Ainda temos muito a avançar, mas darei todo espaço como líder para pautas essenciais da bancada feminina», afirmou.
Além da representação feminina nos parlamentos, o alto índice de feminicídios e a condição de vulnerabilidade em que diversas mulheres se encontram foram pontos levantados pelas participantes.
Susana Delgado, vice-presidente do Partido Socialista do Equador, contou que em seu país seis em cada dez mulheres morrem vítimas de violência.
Para a secretária de Relações Internacionais do Partido Revolucionário Febrerista (PRF) do Paraguai, Shady Ruiz Diaz Medina, a luta feminina deve continuar. «Temos que nos empoderar e tomar nossas bandeiras, ocupar os espaços onde se tomam as decisões e trabalhar com nossas congêneres, sobretudo as que estão em situações de vulnerabilidade, as que são excluídas do sistema educativo, aquelas que não tem acesso a serviços de saúde ou que estão sendo exploradas laboral e sexualmente», defendeu.
A jovem transexual indígena Gahela Contreras, militante do Movimento Novo Peru, disse que todas as mulheres e LGBTs querem ter direitos plenos e igualitários a todas as demais pessoas, além de não serem mais vítimas de violência. «Queremos viver sem medo e com respeito a nossas diversas formas de amar.»
A iniciativa da reunião partiu da Secretaria Nacional de Mulheres do PSB, que comemora 18 anos de criação com a realização do seu III Encontro Internacional, em Brasília.. A secretária nacional do segmento, Dora Pires, afirmou que essa integração é uma das tônicas da secretaria. “A participação de socialistas de outros países na nossa celebração contribuirá com questões que precisamos colocar em pauta, como a dignidade da mulher transexual”, finalizou.
Confira fotos da reunião no Flickr:
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional