Em reunião, núcleo de mulheres da CSL analisa preocupações em comum sobre questões de gênero
MujeresOito representantes de partidos membros da Coordenação Socialista Latino-Americana participaram, nesta terça-feira (27), da 3ª reunião do Núcleo de Mulheres, Gênero e Igualdade (CSL-MGI), em Brasília.
No encontro, realizado na sede do Partido Socialista Brasileiro (PSB), cada integrante falou sobre a conjuntura política de seu país, destacando as questões de gênero relacionadas a mulheres, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.
A reunião contou com a presença da secretária-geral da CSL-MGI e secretária nacional de Mulheres do PSB, Dora Pires, do secretário-geral da CSL e vice-presidente de Relações Governamentais do PSB, Beto Albuquerque, e do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Participaram dos trabalhos os assessores da área internacional do PSB, Yara Gouvêa e Alejandro Silva.
Dora Pires destacou a importância da reunião do núcleo de mulheres da CSL no momento em que cresce a ocorrência de casos de violação de direitos em vários países da região. «Persiste na América Latina uma supremacia patriarcal, uma cultura de discriminação, que resulta em grave ameaça contra mulheres e LGBT. O Brasil é um dos países que mais discriminam os LGBT e onde, neste momento, há uma violência descontrolada que inclui homicídios», disse.
Na reunião, Dora anunciou que a Secretaria Nacional de Mulheres do PSB irá pautar no próximo triênio o tema «o lugar da mulher trans». «De maneira geral, as trans no Brasil precisam se prostituir para conseguir sobreviver, pois a sociedade não lhes dá oportunidades. As trans não têm o ‘abraçar’ da sociedade para conseguirem ter uma vida digna e respeitosa», lamentou.
Beto Albuquerque disse que o Brasil passa por uma fragmentação política e ideológica, além do começo de um novo ciclo político com as eleições deste ano que levarão os partidos a mostrarem claramente suas convicções, propostas e visões de mundo.
O vice-presidente de Relações Governamentais do PSB também lamentou que os maus exemplos da esquerda ou da direita tenham causado uma rejeição elevada da política, dos políticos e dos partidos por parte da população no Brasil e no mundo. Para Beto, superar isso será um grande desafio. «Temos esse grande desafio nesse Brasil dividido e decepcionado que está rejeitando a política, mas acho que essa reprovação política também está na América Latina, na Europa e, o que é pior, levando à retomada de posições conservadoras, candidaturas de direita sem compromisso social, que agravam os indicadores de desigualdade, de intolerância, de preconceito e de violência», afirmou.
Carlos Siqueira avaliou os panoramas político, econômico e social do Brasil, que classificou como «complexos». Segundo ele, um «forte vento liberal-conservador» vindo da Europa e dos Estados Unidos chegou ao país e à América Latina, causando desequilíbrio entre as forças políticas de esquerda e de direita.
Siqueira explicou às mulheres da CSL o posicionamento do PSB em relação ao governo de Michel Temer e aos seus retrocessos que impactam, principalmente, os mais pobres. «O partido não indicou nem chancelou nenhum nome para este governo. E ainda fechamos questão contra as propostas de reformas trabalhista e previdenciária, além de quase chegarmos à expulsão dos parlamentares que insistiram em votar a favor dessas propostas. Mas eles pediram carta de desfiliação antes disso», relatou.
Siqueira expôs como o PSB se prepara para as eleições majoritárias deste ano e destacou que contará com candidaturas competitivas a governos de pelo menos nove Estados – São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Distrito Federal, Pernambuco, Paraíba, Tocantins, Sergipe e Amazonas. «Podemos eventualmente ter candidatura própria à Presidência. Se não tivermos, vamos ver quem politicamente pode ser o melhor candidato para o país, em primeiro lugar, e também que esteja de acordo com os princípios do partido. Em segundo, vamos analisar a coligação que tenha reflexo positivo nas muitas candidaturas a governos de estado que o PSB tem hoje», afirmou.
O presidente ainda criticou a desqualificação de parte dos políticos brasileiros. «O parlamento brasileiro baixou muito de qualidade e há uma pulverização muito grande. Temos 35 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral. Tem pequenos partidos e médios que não representam nada do ponto de vista das ideias. São partidos que elegem parlamentares para ocupar postos nos ministérios e neles, ao invés de fazer políticas públicas, fazem negócios», lamentou.
Para Siqueira, há uma «deterioração demasiadamente grande» na política brasileira e as eleições de 2018 são a oportunidade de se fazer uma renovação.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional