Discriminação de gênero impede acesso a serviços de saúde entre populações LGBT, destaca UNAIDS
NoticiasEm comemoração ao Dia Mundial de Zero Discriminação, celebrado no início de março (1), o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) promoveu um seminário que reuniu cerca de 50 participantes em Salvador, incluindo profissionais de saúde, ativistas, estudantes e professores universitários.
O evento discutiu o preconceito enfrentado por parcelas da população, como os indivíduos LGBT, nos sistema de saúde. A implementação da iniciativa “Zero Discriminação” na capital baiana também foi objeto de debates.
Segundo o consultor da agência da ONU em Salvador, Javier Angonoa, “ainda existem muitas pessoas que não conseguem ter acesso aos serviços de saúde por causa da discriminação”. “Esta situação tende a afastar as populações mais vulneráveis destes estabelecimentos e, ao final, vemos os números da epidemia crescendo principalmente entre elas”, afirmou.
O seminário abordou o desenvolvimento de estratégias para alcançar a “zero discriminação”, um dos três pilares da missão do UNAIDS – ao lado da “zero nova infecção pelo HIV” e “zero morte relacionada à Aids”.
Também presente no seminário, a secretária de comunicação e assuntos internacionais da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), Keila Simpson, chamou atenção para as dificuldades de acesso à saúde por que passam, especialmente, as pessoas trans.
Diversos estudos têm comprovado como a discriminação contra transgêneros impede o acesso desse público ao tratamento médico.
Um levantamento feito em 2011 pelo Centro Nacional de Igualdade para Pessoas Trans dos Estados Unidos, em conjunto com a Força-Tarefa Nacional LGBT, que revelou que 19% das mais de 6 mil pessoas trans entrevistadas já tiveram tratamento médico negado pelo fato de serem transgênero ou pelo estado de não conformidade de gênero.
Outra pesquisa, realizada em 2014 pela Human Rights Campaign, descobriu que, dos 501 hospitais pesquisados, 49% não incluíam “orientação sexual” nem “identidade de gênero” em suas políticas de não discriminação de pacientes.
O debate discutiu ainda a discriminação por questões religiosas. Para o integrante do Instituto Beneficente Conceição Macedo (IBCM) e do Comitê de Dialogo Inter-religioso da Bahia, o padre Alfredo Dorea, “as religiões têm papel fundamental de enfrentar e banir toda forma de discriminação e preconceito, sobretudo em relação às pessoas vivendo com HIV/Aids”.
O seminário foi fruto de uma parceria do UNAIDS com os Programas de DST, HIV/Aids e Hepatites Virais de Salvador e do estado da Bahia e o Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (CEDAP).
Nações Unidas / UNAIDS