Mercosul abre pontes para acordo com a Aliança do Pacífico
NoticiasEnquanto acordo com União Europeia não avança, bloco tenta acelerar aproximação com países do Pacífico
Heloísa Mendonça
Alejandro Rebossio
El País
Os chefes de Estados do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela debateram durante a Cúpula do Mercosul em Assunção, no Paraguai, na segunda-feira (21), os caminhos para fechar novos acordos com parceiros e blocos que sejam estratégicos para o grupo, e assim sair do isolamento em que se encontra. Apesar de a maioria dos presidentes ter apontado como prioridade o pacto com a União Europeia, a aproximação com a Aliança do Pacífico ganhou mais destaque durante o encontro.
O bloco anunciou que fará “uma reunião de alto nível” com o grupo formado pelo Chile, Peru, Colômbia, México e Costa Rica para acertar uma aproximação comercial e “abordar temas de interesse comum”. A data ainda não foi fechada. Durante seu discurso, a presidenta Dilma disse que é muito positiva “a contínua aproximação com a Aliança do Pacifico, com a qual temos muitas complementariedades, e com a qual devíamos estabelecer relações cada vez mais próximas e sólidas”.
Já há um acordo de serviços do Mercosul com a Colômbia, e um tratado com o Peru e o Chile, embora só o Uruguai tenha firmado efetivamente um pacto com o México. Em outra frente, o Brasil assinou em novembro um Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI) com o Chile, visando estimular os negócios bilaterais. O país é o sétimo maior investidor no país andino. O volume de capital chileno em terras brasileiras também vem crescendo. Na última década, o fluxo de comércio entre os dois países aumentou 130%, atingindo 9 bilhões de dólares, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A presidenta do Chile, Michel Bachelet, concordou que os grupos possuem metas comuns que podem ser alcançadas como, por exemplo, a cooperação aduaneira. «Nunca vimos a Aliança do Pacífico dando as costas aos países do Atlântico. Acho que temos que buscar a sinergia e as possibilidades de trabalharmos juntos», disse Bachelet.
Hoje, na área de comércio, os números da Aliança do Pacífico superam os do Mercosul. Enquanto o primeiro representa 50% das exportações da região, o segundo tem 37% do comércio exterior.
O bloco discutiu também maneiras de reduzir barreiras para o comércio com a Rússia, Japão, Canadá e Índia, e ampliar o acordo com Cuba aproveitando a abertura das relações comerciais desse país com os Estados Unidos.
Acordo com a União Europeia
Na declaração final da cúpula realizada no Paraguai, os chefes de Estado também sugeriram aprofundar o relacionamento externo do Mercosul. Em concreto, o ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Eladio Loizaga, comentou que o bloco já elaborou sua proposta de um acordo com a União Europeia e antecipou que ela será apresentada no momento em Bruxelas defina a sua posição. Como as negociações entre Mercosul e a União Europeia começaram em 1999, muito antes de a Venezuela se juntar ao bloco em 2012, Caracas terá o direito de se manter a margem do pacto.
A conclusão da oferta sul-americana para negociar com os europeus foi uma das conquistas mais significativas dos últimos seis meses, segundo a avaliação do presidente do Paraguai, Horácio Cartes. UE e o Mercosul passaram o ano de 2015 compondo sua lista de ofertas para começar as negociações, mas até agora não estabeleceram uma data para fazê-lo, já que a força da agricultura do bloco sul-americano parece ser ainda um entrave para as negociações com os europeus.
Tanto Argentina como Brasil concordaram com o paraguaio sobre os avanços e classificaram a negociação como prioritária. “A decisão está agora do outro lado do Atlântico”, disse Dilma.