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Análise: Partido Socialista Brasileiro e as eleições municipais

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Carlos Siqueira
Presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB)

 

Socialistas avançam e já são a terceira força política em número de votos e população a ser governada

 

Como indica a sabedoria popular, nada acontece por acaso, e tal noção aplica-se perfeitamente às eleições de 2016. Se pensarmos no quadro geral, veremos que vitórias e derrotas foram construídas a partir de meados de 2013.

Foi justamente o momento em que Eduardo Campos sinalizava à Ex-Presidente Dilma Rousseff que a composição governista não estava mais alinhada às expectativas populares, e mais, que suas políticas públicas seriam incapazes de promover desenvolvimento e inclusão social.

De lá até aqui, o que poucos percebiam tornou-se realidade ao alcance dos olhos. Não era tão evidente e simples, contudo, quando o divórcio de 2013 se reapresentou à esquerda e, em particular ao PSB, sob a forma da decisão partidária quanto ao impedimento.

O PSB fez a leitura correta, como havia feito já em 2013. A oposição ao PT não envolvia – como se quis vender e ainda insistem em fazê-lo – uma guinada à direita. Tratava-se de forma simples e objetiva da recusa em seguir errando, perseguindo uma cartilha de gastança que não promovia o bem público, apenas buscava dar sobrevida a um projeto de poder, até as margens da irresponsabilidade.

Uma margem tão imensa que levou 90% do eleitorado brasileiro a rechaçar nas urnas a cartilha do antigo governo no pleito de 2016. Essa recusa distribuiu-se pelo espectro partidário, em meio ao qual o PSB recebeu o crédito de aproximadamente 10,3 milhões de votos.

Foram votos conquistados com base em uma plataforma que permanece fiel ao que a Ciência Política costuma chamar de centro-esquerda e, o mais importante para nós, militantes do socialismo democrático, votos que referendam nossa luta pela afirmação da identidade partidária, em oposição consciente a um projeto político que, não raro, pretendeu nos reduzir à condição de coadjuvantes.

Fomos favoráveis ao impeachment de Dilma Rousseff para nos mantermos na exata linha de fidelidade aos que mais precisam da ação do Estado no Brasil. Não, evidentemente, aos banqueiros, que “nunca ganharam tanto”, ou de parcela do empresariado, que viveu à custa de renúncia fiscal do Governo Federal, cuja conta foi dividida com estados e municípios – agora à beira da bancarrota.

A leitura correta e a devida coragem para persegui-la nos conduziram a um desempenho extremamente exitoso em 2016, condição que traduzida em números significa sermos a terceira força eleitoral, em população a ser governada, e o terceiro Partido, em número de votos para prefeitos (10.288.566).

No cômputo geral de 1º e 2º turnos,elegemos 418 prefeitos, 387 vice-prefeitos e 3.637 vereadores.  Resultados alcançados com base em princípios programáticos e com a afirmação de convicções genuinamente democráticas de quem deseja se modernizar para fazer face aos desafios contemporâneos.

No mais, contribuíam para o sucesso um processo de Planejamento Estratégico que definiu como prioridade a conquista de prefeituras em cidades-polo em 2016 e, a partir dele, o que os bons políticos sabem e devem fazer: envolvimento, face a face com a população, corpo-a-corpo expondo ideias, políticas e programas de governo, em linguagem que as pessoas entendam.

Essa é a história, sem surpresas ou sobressaltos, de uma vitória de muitos, coletiva, do Partido Socialista Brasileiro. Dirigentes, parlamentares, governadores, prefeitos militantes, simpatizantes, eleitos e derrotados, todos contribuíram de forma decisiva para que nossa mensagem – que, em síntese, é a da formulação e execução de um projeto estratégico de desenvolvimento sustentável e socialmente justo – chegasse a todos brasileiros.

Nossa maior satisfação, superior mesmo ao sentimento de vitória que nos entregou 2016, é a de ver uma democracia que se consolida, ainda que alguns queiram desacreditá-la como recurso para justificar o que melhor se resolveria com a humildade de reconhecer seus próprios erros.

Nesse mesmo âmbito, o da consolidação da democracia, não podemos ser insensíveis ao recado que nos chega ainda fresco das urnas: a representação precisa ser enriquecida por meio de instrumentos efetivos de democracia participativa. A sociedade civil quer e precisa ter maior protagonismo, de tal forma que participe das escolhas estratégicas e, por esse meio, possa se reconhecer em seus resultados – sejam eles positivos, ou negativos.

Como militantes do socialismo democrático, é um prazer ter compreensão da realidade em que o voto popular nos chegue como mensagem de sua sabedoria e, consequentemente, um estímulo permanente ao aperfeiçoamento e ao aprendizado. Seguimos mais fortes, podemos e queremos ser relevantes na sucessão presidencial de 2018. Esse é o desafio: seguir crescendo, com atenção à ampliação das bancadas socialistas na Câmara dos Deputados e Senado Federal, para continuar lutando por transformações estruturais nos âmbitos político, econômico e social em nosso País.

 

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