BLOG

Neste domingo (11), o Partido Socialista do Chile vai celebrar a memória de seu grande líder, Salvador Allende, com uma homenagem na Plaza de la Constitucion, em Santiago, às 11h. Há exatamente 43 anos, no Palácio de La Moneda, sede do governo do Chile, o então presidente Allende sofria um golpe de estado que resultou em sua morte e na derrubada do regime democrático constitucional chileno. O general do Exército, Augusto Pinochet, que até então era considerado leal a Allende, foi o responsável por liderar as tropas golpistas e instaurar o regime militar que duraria até 1990.

Naquele dia 11 de setembro de 1973, pela manhã, Allende foi acordado em sua residência por um telefonema urgente que informava que os fuzileiros da Marinha haviam se rebelado e ocupado a cidade portuária de Valparaíso. O presidente se dirigiu às pressas ao Palácio de La Moneda, numa tentativa de resistir ao golpe. Ele recebeu uma mensagem de Pinochet e outros generais das Forças Armadas intimando-o a renunciar. Garantiam que um avião particular transportaria o presidente e sua família até um país de sua escolha. Mas Allende se recusou a renunciar e resistiu até o fim junto a sua guarda e colaboradores. Gravações descobertas anos depois mostraram que o plano de Pinochet era derrubar o avião em pleno voo.

Em seu último discurso, às 10h10, transmitido pela rádio Magallanes (última estação pró-governo que ainda não havia sido destruída pelos militares), Allende rechaça a renúncia, agradece e se despede do povo chileno. “Diante destes fatos só me cabe dizer aos trabalhadores: Não vou renunciar! Colocado em uma transição histórica, pagarei com minha vida a lealdade do povo. E vos digo que tenho a certeza de que a semente que entregaremos à consciência de milhares e milhares de chilenos não poderá ser ceifada definitivamente. […] Trabalhadores de minha Pátria, quero agradecer-lhes a lealdade que sempre tiveram, a confiança que depositaram em um homem que foi apenas intérprete de grandes anseios de justiça, que empenhou sua palavra em que respeitaria a Constituição e a lei, e assim o fez. […] Trabalhadores de minha Pátria, tenho fé no Chile e em seu destino. Superarão outros homens esse momento cinza e amargo, onde a traição pretende se impor. Sigam vocês sabendo que, muito mais cedo que tarde, se abrirão de novo as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor. […] Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho a certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a perfídia, a covardia e a traição”.

Pouco antes do meio-dia, o ataque começou e aviões bombardearam o Palácio de La Moneda. Ao saber que os militares haviam tomado conta de todo o país, Allende determinou a rendição de todos que resistiam na sede do governo e iniciou-se a evacuação. Os militares invadiram o palácio e dois tiros foram ouvidos. Naquele momento, o presidente do Chile foi encontrado morto e o país estava sob um regime ditatorial comandado pela Junta Militar.

Encerrava-se naquele momento a primeira e única tentativa de um governo eleito pelo voto direto de implantar o socialismo em um país do continente latino-americano.

Allende foi inicialmente enterrado numa cova comum, num caixão com as iniciais «NN». Com o término da ditadura de Pinochet, Allende teve um funeral com honras militares, em 1990, no Cemitério Geral de Santiago.

Vida de Salvador Allende

Salvador Allende Gossens nasceu em 26 de junho de 1908, em Valparaíso. É filho do advogado Salvador Allende Castro e de Laura Gossens Uribe. Formou-se em medicina pela Universidade do Chile, onde se engajou na ala esquerda do movimento estudantil. Em 1933, foi um dos fundadores do Partido Socialista do Chile. Casou-se, em 1940, com Hortensia Bussi Soto e é pai de três filhas (Carmen Paz, Beatriz e Isabel Allende).

Foi eleito presidente do Chile no dia 4 de setembro de 1970 e deposto pelo golpe militar em 11 de setembro de 1973. Foi o primeiro presidente da República e o primeiro socialista chefe de estado eleito democraticamente na América Latina.

O socialismo, o marxismo e a maçonaria foram seus pilares ideológicos. Revolucionário atípico, Allende acreditava no processo eleitoral da democracia representativa e lutou para estabelecer o socialismo no sistema político vigente no Chile. Seus ideais são lembrados e seguidos até os dias atuais por aqueles que têm a luta pela igualdade e pela liberdade como bandeiras.

Assessoria de Comunicação/Coordenação Socialista Latino-Americana