Ataque a Cristina Kirchner na rede bolsonarista disparou um mês antes do atentado, revela pesquisador
ArgentinaO professor e etnógrafo David Nemer, que trabalha no Departamento de Estudos de Mídia na Universidade da Virgínia, publicou um gráfico em que mostra um aumento exponencial de ataques a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, dentro das redes sociais bolsonaristas, principalmente no mês de julho e, principalmente, em agosto, mês que antecedeu a tentativa de assassinato da vice-presidente Argentina por um brasileiro de extrema-direita. O atentado aconteceu nesta quinta-feira, 1 de setembro.
“Vamos esperar detalhes sobre a tentativa de assassinato contra a Cristina Kirchner por um brasileiro. Mas vale lembrar, o Telegram/WhatsApp bolsonarista é constantemente inundado com mensagens de ódio aos líderes de esquerda na América Latina”, comentou.
Bolsonaro faz constantes ataques a líderes de esquerda da América Latina, tenta jogar tudo dentro de um mesmo saco, assim como faz seus ataques ao PT, no Brasil. Na semana passada, atacou o presidente do Chile, Gabriel Boric, dizendo que ele pôs fogo no metrô. Em 2019, disse: “a presidente anterior [Christina Kirchner] é ligada com Dilma, com Lula, com a Venezuela de Maduro e de Chávez, com Cuba. Se isso voltar, com toda a certeza a Argentina vai entrar numa situação semelhante à da Venezuela”. É o mesmo discurso que usa no Brasil para atacar o PT e manipular o eleitorado fanático.
Os ataques são orquestrados e levam para o lado religioso como uma seita. Em 2019, também disse que se a chapa liderada por Alberto Fernández e que conta com a ex-presidente Cristina Kirchner como vice vencer, “o povo saca, em massa, seu dinheiro dos bancos. Provérbios 28:19: Quem lavra sua terra terá comida com fartura, quem persegue fantasias se fartará de miséria”, disse tentando substituir a racionalidade política pelo dogmatismo religioso.
Pouco tempo após Bolsonaro postar o comentário em seu perfil no Twitter, um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), compartilhou o post com a seguinte afirmação: “Nós que estamos aqui de fora olhando o que está acontecendo com a Argentina nem acreditamos. Mas ainda creio que a Argentina não naufragará em outubro”, disse o deputado em 2019.
CARTA CAMPINAS