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A polarização que colocou as mulheres em marcha contra o retrocesso

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Manifestação no Rio de Janeiro. Foto: Mauro Pimentel/AFP
Manifestação no Rio de Janeiro. Foto: Mauro Pimentel/AFP

A menos de dez dias de o Brasil realizar a mais decisiva eleição presidencial de sua democracia, uma das armas mais poderosas no cenário político começou numa página no Facebook. O nome dela é Mulheres Unidas Contra Bolsonaro e até um mês atrás não existia. Hoje, tem cerca de três milhões de participantes. E também um único objetivo: deter Jair Bolsonaro, o político de extrema-direita que durante anos as usou como alvo de seus disparates, desde dizer para uma deputada que ela «não merecia ser estuprada» até considerá-las indignas de receber o mesmo salário que os homens. O que as motiva é um único dado, que, com 28% da intenção de votos, Bolsonaro é o candidato favorito, pelo menos no primeiro turno das eleições. O que faz o grupo crescer também é uma porcentagem: Bolsonaro é o candidato mais rejeitado pelo eleitorado no país: 46% do eleitorado. Ele perderia no segundo turno para qualquer dos seus oponentes. Ou seja, no momento, o único fenômeno no primeiro país latino-americano maior que Jair Messias Bolsonaro é o que procura freá-lo. E tudo passa por essa página do Facebook.

E embora o poder e a responsabilidade das mulheres sejam indiscutíveis, o #EleNão se tornou o slogan de todas as minorias insultadas por Bolsonaro. Minorias raciais ou pessoas LGBTQI foram os primeiros a adotá-lo. Em pouco tempo estava nos lábios de quem não quer um extremista de direita presidindo o país. Embora o voto seja secreto no Brasil, será ainda mais secreto na casa de Raimundo (nome fictício). Quando este jovem de 20 e poucos anos, filho de um latifundiário do interior do Estado de São Paulo, tenha ido às urnas em 7 de outubro, não planeja contar a seu pai que não votou no candidato de referência da família, Jair Bolsonaro. «Pretendo votar em outro, vou ver em quem. Se eu tivesse que escolher um agora, não me importaria que fosse Haddad [do Partido dos Trabalhadores, segundo nas intenções de voto], mas, se souberem disso em casa, me deserdam», diz Raimundo, com os olhos arregalados, em um café no centro de São Paulo, onde mora. Sabe que, em sua casa, estar do lado contrário a Bolsonaro é casus belli e sempre esperou herdar o latifúndio de seu pai um dia. Mas tampouco quer contribuir para que seu país acabe nas mãos de um político bizarro, nostálgico da ditadura militar. «Acho que vou votar em um terceiro, Haddad pode ser mentir demais», pondera.

No Rio de Janeiro, o escritor e ativista de direitos humanos Ramon Nunes Mello está em situação oposta. Depois de militar durante meses contra Bolsonaro por suas declarações homofóbicas, machistas e racistas, descobriu na semana passada que seu irmão estava pensando em votar nele. Mello, que é gay, não sabia o que dizer. «Ou seja, que defende um ser que despreza o que sou», protesta. «Não sei como lidar com isso, apenas me afasto.» Enquanto isso, Raimundo engrossará a marcha dos homens apoiando o movimento nas ruas. «Só espero que não tirem fotos», brinca, com uma risadinha, que é seguida por um suspiro nervoso.

Um estudo da Universidade Federal do Espírito Santo contabilizou 903.902 menções ao # EleNão nas redes sociais na semana passada (comparado a 142.346 do #EleSim). Um bom exemplo do poder do #EleNão é como ele procura ir além das redes sociais. Elas pensaram em promover uma Grande Marcha das Mulheres contra o Bolsonaro, não muito diferente da organizada em Washington em 2017 após a posse de Donald Trump. Em duas semanas, havia 40.000 pessoas dispostas a participar de uma possível manifestação em São Paulo neste sábado, 29 de setembro. Agora são milhões em 34 cidades em uma quinzena de países.

«Está cada vez mais claro que estas eleições serão resolvidas com a polarização da sociedade em dois grupos», diz Andrei Roman, diretor executivo da consultoria Atlas Politico. «A pressão social para que cada indivíduo se posicione, a favor ou contra Bolsonaro, é cada vez maior».

As celebridades contribuíram para a explosão deste movimento, especialmente os cantores, que no Brasil são vistos praticamente como instituições. A veterana Daniela Mercury, por exemplo, postou um vídeo explicando porque #EleNão: “Porque é machista, porque é homofóbico, porque é um atraso para a nossa democracia», disse ela. Outros se seguiram, e logo depois se viu a que ponto o clima de um-contra-todos se espalhava pelo Brasil. Anitta, a cantora de mais sucesso no momento no país –e também a máquina de marketing melhor engraxada do Brasil– tentou ao máximo possível não se envolver e recebeu tanta pressão dos seguidores do movimento que acabou desistindo. Ela decidu publicar um vídeo contra Bolsonaro no Instagram. Outra das maiores cantoras brasileiras na atualidade, Marilía Mendonça, recuou: postou um vídeo contra Bolsonaro e, dada a pressão dos seguidores do extremista de direita, se viu forçada a apagá-lo.

Houve outras tentativas de domar as investidas contra o Bolsonaro. Na segunda-feira, o manifesto de outro movimento contra Bolsonaro: Democracia Sim,assinado por 300 membros de diferentes setores da elite brasileira, todos unidos contra Bolsonaro. Havia artistas influentes –Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil; o cineasta Walter Salles, e a atriz Sonia Braga–, empresários, advogados e médicos. «Mais do que uma decisão política, a candidatura de Jair Bolsonaro representa uma ameaça ao nosso patrimônio civilizador», alertava o texto. Um dia antes, sindicatos também criticaram o favorito: «É antidemocrático, intolerante com as minorias e faz apologia da violência «, lembrava o documento.

Esse é um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um país onde nas eleições costumam ter como referência que a mulher vota conforme o que diz o marido. E há a possibilidade de que esse fenômeno termine canalizando a energia de rejeição para Bolsonaro que, até ser criada a página no Facebook, flutuava no ar. E pode se tornar essencial. “Como qualquer combinação de candidatos no segundo turno é muito apertada, a mobilização do eleitorado pode mudar tudo”, avalia Roman.

 

El País

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