BLOG

Argentina condena ex-executivos da Ford por crimes contra a humanidade

Noticias
Pedro Müller (esquerda) e Héctor Sibilla, ex-executivos da Ford na Argentina, deixam o tribunal após a sentença. Foto: AFP
Pedro Müller (esquerda) e Héctor Sibilla, ex-executivos da Ford na Argentina, deixam o tribunal após a sentença. Foto: AFP

Em uma sentença sem precedentes históricos, a Justiça argentina condenou dois ex-executivos da Ford no país como cúmplices no sequestro e tortura de 24 operários da empresa durante a última ditadura militar (1976-83). Foi a primeira decisão judicial contra dirigentes de uma multinacional radicada no país, e a mais relevante contra civis apoiadores do regime. Após um ano de processo oral, os juízes condenaram Héctor Sibilla, ex-diretor de segurança da fábrica, a 12 anos da prisão, e Pedro Müller, ex-gerente industrial, a 10. A investigação se limitou a determinar a responsabilidade penal dos executivos, sem envolver a empresa.

«Foi o primeiro julgamento na democracia que dá como provado de forma indubitável que a empresa Ford participou com a ditadura de crimes contra a humanidade. Dois gerentes foram condenados. É uma conquista histórica na Argentina, que confirma que se tratou de uma ditadura civil-militar», diz ao EL PAÍS um dos advogados das vítimas, Tomás Ojea Quintana. Os juízes do tribunal consideraram provado que Sibilla e Müller participaram ativamente de um plano repressivo da ditadura destinado a controlar os representantes sindicais das grandes empresas. Segundo o relato das vítimas, os condenados marcavam os empregados mais revoltosos, que depois eram sequestrados e torturados em uma academia de ginástica dentro da fábrica da Ford que ainda hoje funciona na localidade de Pacheco, na Grande Buenos Aires.

Ao todo foram 24 sindicalistas sequestrados «em seus locais de trabalho, levados a um centro de detenção dentro da fábrica e desaparecidos durante um mês», diz Ojea Quintana. «A empresa os demitiu por telegrama, alegando que não se apresentavam [para trabalhar]», acrescenta. Carlos Propato, que era primeiro oficial de pintura e ativista sindical, foi sequestrado em 13 de abril de 1976. Foi atirado de uma escada sob chutes e socos, teve os punhos atados com um arame e foi atirado na caçamba de uma caminhonete, onde havia outros quatro colegas seus. Os cinco foram levados ao recinto desportivo da empresa, onde foram torturados durante «mais de 11 horas», segundo seu depoimento. Depois, o grupo foi levado a prisões comuns da província de Buenos Aires.

Müller, nascido na Tchecoslováquia há 86 anos, e Sibilla, de 91, foram condenados por fornecer ao Exército as listas de trabalhadores que eles queriam que fossem sequestrados, por lhe ter dado documentos deles com fotos para facilitar a identificação e autorizar a existência de um centro de detenção clandestino nas instalações da fábrica. Por causa de sua idade avançada, ambos cumprirão a sentença em suas casas. Além dos ex-diretores, também recebeu uma sentença de 15 anos de prisão o ex-general Santiago Riveros, chefe dos centros ilegais de detenção de Campo de Mayo, uma zona militar de 5.000 hectares de onde se planejou a repressão no norte de Buenos Aires, onde funciona a Ford.

Em março de 1976, quando ocorreu o golpe militar contra Isabel Perón, 5.000 operários e 2.500 funcionários da área administrativa trabalhavam na Ford Motor Argentina. Cem deles eram delegados sindicais e 24 foram «marcados» por Sibilla e Müller para o sequestro. Sibilla também foi denunciado por participar de sessões de tortura, passando perguntas aos interrogadores. Antes da leitura da sentença, Müller foi o único que tomou a palavra. «Eu só quero falar sobre minha vida pessoal. Vim para o país em dezembro de 1949 e um mês depois encontrei trabalho como mecânico de automóvel e assim eu financiei meus estudos. Desde então, nunca parei de trabalhar. Eu percebi que tinha que trabalhar de uma maneira apolítica. Tenho a consciência tranquila porque nunca poderei ser acusado por meu comportamento», declarou perante os juízes.

A empresa se manteve à margem do processo, mas os advogados das vítimas anteciparam as próximas ações. «Esta não foi uma condenação da empresa como uma multinacional. Esse será o próximo passo, que seja a empresa que preste contas. Investigar quais são suas práticas de produção e se respeita os direitos humanos. É uma contribuição não só para a Argentina, mas mundial, porque as empresas que têm um poder importantíssimo têm que ser responsáveis pelo respeito aos direitos humanos», explica Ojea Quintana. Em 2012, por iniciativa do Arquivo Nacional de Memória, uma placa instalada na fábrica da empresa indica que em um «Galpão da Ford» funcionou um centro de detenção.

El País

Últimos do Blog
Noticias

Gobierno de Bolivia entregará títulos de tierra a campesinos

Más
Noticias

Colombia. Los cinco precandidatos presidenciales que ya tiene el Pacto Histórico para 2022

Más
Noticias

Nito Cortizo aseguró que en su administración no se han realizado escuchas ilegales

Más
Noticias

Enrique Sánchez está enfocado en refundar el Partido Febrerista

Más
Noticias

PRI y PRD pierden más del 70% de su militancia

Más
Noticias

Legislativo de Ecuador instala mesa sobre demandada ley de educación

Más
Noticias

Castillo nombra a primer ministro de izquierda en Perú y deja pendiente al de Economía

Más
Noticias

Argentina passa a considerar cuidado materno como trabalho e garante direito à aposentadoria de 155 mil mulheres

Más
Noticias

PRD pide a ciudadanos no participar en la consulta popular del 1 de agosto

Más
Noticias

Bolsonaro emprende nueva reforma ministerial para sumar apoyos en el Congreso

Más
Noticias

La hora de Pedro Castillo

Más
Noticias

Colombia Humana, UP y MAIS se declararon en oposición a Claudia López

Más
Noticias

Proyectos que ha realizado la alcaldía de Claudia López

Más
Noticias

Presidente del partido de izquierdas uruguayo deja su cargo y llama a unión

Más
Noticias

Mónica Fein será precandidata a diputada nacional y enfrentará a la lista de Pablo Javkin

Más
Noticias

Narváez marca primeras diferencias con candidatura de Provoste: “La realidad que hemos visto, es que es una reacción a las encuestas”

Más
Noticias

Presidente del PS, Álvaro Elizalde, asegura que Narváez no bajará su candidatura en favor de Yasna Provoste

Más
Noticias

Nicaragua: el régimen continúa con la persecución a opositores y Ortega aseguró que “no hay espacio para la negociación”

Más
Noticias

Colas para hacerse con un hueso de carne: el hambre se dispara en Brasil

Más
Noticias

Sí Por México llama a PAN, PRI y PRD a buscar candidato de unidad para las elecciones de 2024

Más
Noticias

Pedro Castillo teje una red de apoyos para gobernar Perú en un escenario adverso

Más
Noticias

La Policía investiga a Bolsonaro por supuesta prevaricación en la pandemia

Más
Noticias

Gustavo Petro brasileño está cansado de que lo culpen de todo en Twitter

Más
Noticias

Claudia López acusa a Petro de ‘incendiar a Colombia’

Más
Noticias

Ex-ministro da Defesa da Bolívia planejou segundo golpe usando mercenários dos EUA

Más
Noticias

Cuba logra la primera vacuna latinoamericana con datos de efectividad al nivel de Pfizer y Moderna

Más
Noticias

Presentan en Ecuador propuesta para ley de aborto por violación

Más
Ecuador

El asalto a la Embajada de México en Quito sume a Ecuador en el caos político

Más
Brasil

Genealogía y bases del neofascismo brasileño

Más
Bolivia

El Grupo de Puebla no logra reconciliar a Evo Morales y Luis Arce, que van rumbo a la colisión

Más