Anistia Internacional cobra que Governo do RJ se comprometa com solução do Caso Marielle
NoticiasHá exatos dez meses, foram mortos a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Até agora, porém, o caso permanece sem solução. Por isso, a Anistia Internacional vai anunciar esta segunda-feira (14) que reivindica que as autoridades do Rio de Janeiro se comprometam publicamente com a solução correta do crime.
«O ano de 2018 terminou sem que o Rio de Janeiro, sob intervenção federal na área de segurança pública, tenha conseguido solucionar o caso. A nova gestão do governo do estado tem o dever de assumir esta responsabilidade e não deixar o caso sem solução», afirmou Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional.
Werneck defende, ainda, que o governador Wilson Witzel e o secretário de Polícia Civil, Marcus Vinícius Braga, venham a público se comprometer com a investigação do caso.
«A demora na solução do assassinato de Marielle tem enormes impactos negativos, pois gera uma espiral de medo e silêncio entre ativistas, defensores de direitos humanos, jovens, mulheres negras, comunidade LGBT e todas as pessoas e grupos que, de alguma forma, ela representava», acrescentou a diretora da Anistia.
Neste sábado, Witzel afirmou que o caso está perto de ser elucidado e que os assassinos podem ser presos ainda em janeiro.
A representante da ONG afirma também que há uma «enorme preocupação com o fato de que algumas «altas autoridades do Rio de Janeiro estiveram envolvidas num episódio de violência contra a memória e a imagem de Marielle», disse Werneck.
A Anistia lembrou que durante o período da campanha eleitoral de 2018, uma placa em homenagem a Marielle que havia sido colocada em frente à Câmara Municipal, na Cinelândia, foi retirada pelos então candidatos a deputado estadual, Rodrigo Amorim, e a deputado federal, Daniel Silveira.
Logo depois, a placa foi depredada e usada durante um ato público de campanha com o então candidato ao governo, Wilson Witzel, atual governador.
No ato, os três candidatos estavam em cima de um carro de som e proferiram discursos para o público presente. A placa de homenagem a Marielle Franco foi acenada para o público e danificada ainda mais.
«Ofensas e palavras hostis contra a vereadora e aqueles que a haviam homenageado foram proferidas. Diferentes imagens de vídeo registaram o episódio e, nas imagens, o então candidato à governador Wilson Witzel é visto sorrindo em apoio aos outros dois candidatos presentes», registra a Anistia.
«Esse episódio foi um ataque direto à memória de Marielle Franco, à sua família, aos parlamentares do Rio de Janeiro e às pessoas ela representava ou que com ela se identificam», criticou Werneck.
A diretora diz que «ao depredar a placa e proferir palavras hostis e ofensivas, os três candidatos estavam atacando e desqualificando também os defensores de direitos humanos, as mulheres negras, os jovens de favela, as pessoas LGBT».
«Eles disseminaram com aquele ato uma mensagem de intolerância, totalmente incompatível com os cargos públicos que hoje ocupam. É grave que pessoas eleitas a cargos no executivo e no legislativo estadual tenham atacado com tamanha virulência a memória de uma parlamentar. Eles devem se comprometer a trabalhar pela solução correta do caso e a não repetir atitudes ofensivas como aquela», complementou Werneck.
Para a diretora, o episódio de depredação da placa de homenagem Marielle representou «um ataque à memória da defensora de direitos humanos e vereadora, e um ataque à institucionalidade e às instituições democráticas».
«O episódio levanta uma enorme preocupação sobre o andamento correto das investigações e sobre um horizonte de solução para o caso, que agora está sob responsabilidade de Witzel», destaca a diretora.
«O assassinato de uma defensora de direitos humanos e vereadora é algo que diz respeito à toda a sociedade. Não é uma questão de partidos políticos de direita ou esquerda. A utilização política do assassinato de Marielle Franco não contribui para que sejam dadas as respostas necessárias e que a sociedade brasileira e a comunidade internacional esperam. É inaceitável que este caso ainda não tenha sido solucionado. Como movimento global, a Anistia Internacional seguirá mobilizada até que os mandantes e executores sejam levados à justiça e responsabilizados», frisou a diretora.
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