Ocupando vácuo deixado por Bolsonaro, governadores lançam iniciativa para captar recursos para a Amazônia
NoticiasLíderes de 22 estados lançaram Consórcio Brasil Verde durante COP26 para tentar se descolar do Planalto; verbas para unidades federativas, contudo, precisam do aval do governo federal
Os governos subnacionais deram mais um passo ocupando o vácuo da administração de Jair Bolsonaro na agenda climática e na competição por recursos para a Amazônia. Em uma manifestação política, um grupo de 22 governadores liderado por Renato Casagrande (PSB-ES) lançou nesta quinta-feira, na COP26, em Glasgow, o Consórcio Brasil Verde.
Trata-se de um instrumento para que os governos estaduais possam se qualificar a receber recursos do exterior para a Amazônia e um movimento de descolamento da péssima imagem do Brasil nos anos de governo Bolsonaro, durante os quais o país registrou recordes de desmatamento.
Hoje 22 governadores fazem parte do movimento «Governadores pelo Clima», coordenado por Casagrande.
— O tema da mudança climática ganhou destaque no mundo todo. Não podemos substituir o governo federal — disse Casagrande. — Quem faz negociações é o governo central. Mas compensamos, em parte, a ausência do governo neste tema.
— Nosso primeiro objetivo é trabalhar para dentro — seguiu. — Não podemos só cobrar do governo federal se também temos responsabilidade no tema.
Os governadores assinaram compromissos de assumir neutralidade em carbono, ou seja, chegar ao saldo zero de emissões. O governante capixaba mobilizou seus pares a fazerem seus planos de implementação:
— Percebo nos contatos que fizemos que temos possiblidades reais de financiamento de projetos de adaptação — seguiu.
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O governador Eduardo Leite, (PSDB-RS) disse que a «ausência do governo federal gera para nós necessidade de mais mobilização da sociedade civil e dos governos subnacionais»:
— Não substituindo o governo nacional nas suas competências, mas a união é feita pela soma das partes — seguiu.
Mauro Mendes, governador do Mato Grosso, fez críticas ao volume de recursos prometido pelos países na COP 26, no começo da semana, na aliança pelas florestas.
— Os US $ 12 bilhóes não são nada sobre o que está em jogo neste momento — disse o político do Democratas, referindo-se aos desafios climáticos. — Precisamos cobrar reciprocidade ambiental. Os países ricos precisam reduzir emissões de carbono na queina de combustíveis fósseis.
O GLOBO