Eduardo Campos e a esperança de um Brasil melhor
ArtigosCarlos Siqueira
Presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB)
Hoje, ao pensar no aniversário de Eduardo Campos, chego à conclusão de que apenas com o tempo aprendemos a não lamentar o que perdemos e sim a agradecer pelo que tivemos. De saída, portanto, o fato de que ele nos tenha deixado tanto, em alegria e esperança, em ações concretas, é algo de muito reconfortante.
Agregue-se a isso ideia de que, ao corpo que se extingue materialmente, corresponde uma virtualização, que preserva junto de nós o ser querido que partiu. Nesse sentido, a lembrança e a memória, a rememoração, que são processos internos a cada qual, instituem um ser de afeição, que é gerado em nós, que tem vida, ainda que sua qualidade seja distinta do que é imediata e empiricamente vivente.
No caso específico de Eduardo, que foi um combatente vigoroso em prol de uma sociedade mais justa, não passam a viver também em nós os seus sonhos, suas expectativas de justiça, o desejo de um Brasil melhor? Não somos portadores, com ele e por ele, de uma chama que não quer se extinguir e que se refere a um desejo profundo de liberdade e emancipação, de ruptura das distintas ordens de tutelas, que a história tem imposto ao nosso povo?
Foi como herdeiro de uma tradição democrática e popular que existiu Eduardo Campos. Neto de Miguel Arraes, levou sobre os ombros os anseios de gente simples, que almejava emancipar-se da miséria e do mandonismo. Era herdeiro de uma tradição, de uma civilização por construir, que também veio a legar e que nos torna ricos, mesmo que essa riqueza seja a de não nos conformarmos com o mundo e com o lugar que ele quer atribuir aos que são vitimados pela exclusão, em suas muitas dimensões.
Em um tempo que há de vir, o Brasil que sonha um futuro diferente, realizará essa civilização que os olhos de Eduardo viram, sem que ele pudesse dela participar. Não por acaso, quando retorno a minha própria rememoração, encontro naquilo que compartilhei com Eduardo não o passado, mas um futuro que ele prenunciou como ninguém mais e que, conhecido por meio de sua militância e governos, inspira um País renovado, que saberemos construir com base em seu legado, sempre presente entre nós.