Economista boliviano Arce denuncia o neoliberalismo
NoticiasO ex-ministro da Economia boliviano Luis Arce considerou nesta terça-feira (30) que o país está experimentando um retorno ao modelo neoliberal e criticou o governo do golpe pela ausência de alternativas para resolver a crise.
‘O que vemos é a substituição do modelo neoliberal. O programa desse executivo é uma farsa. Não há solução para o problema econômico, mas é demagogia eleitoral’, destacou o especialista em sua conta no Twitter.
O também candidato à presidência do Movimento ao Socialismo (MAS) questionou as medidas que as autoridades aplicam ‘porque comprometem a política econômica soberana que a Bolivia tinha até novembro de 2019’.
Segundo Arce, decisões como a flexibilização e desvalorização da taxa de câmbio através da quarentena ‘são fatores condicionantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e confirmam que o governo não está interessado na economia’.
A estratégia oficial para usar o crédito do FMI é que os recursos serão usados para reforçar o déficit fiscal e a balança de pagamentos, mas não na luta contra o coronavírus, disse o especialista.
Por duas vezes ministro da Economia da Bolívia (de 2006 a 2017 e em 2019) alertou que o executivo de fato ‘hipoteca o futuro dos bolivianos’ e gera uma crise de desemprego ‘que agrava a recessão econômica’.
Entre os aspectos censurados pelo especialista estão os praticados durante o período da quarentena, como cortes ilegais de salário, licença compulsória sem remuneração e férias forçadas.
Arce também criticou os acordos manipulados de renúncia a direitos trabalhistas, demissões por cláusulas impróprias, reestruturação para eliminar empregos e cessação ilegal de empresas com desamparo aos funcionários.
Por outro lado, a deputada boliviana Lidia Patty rejeitou na segunda-feira os esforços do governo de fato para receber um empréstimo do FMI sem a aprovação da Assembléia Legislativa.
A parlamentar do MAS anunciou que apresentará uma reivindicação de inconstitucionalidade para anular o conteúdo do Decreto Supremo que fornece os recursos com vistas à obtenção do empréstimo.
Patty lembrou que qualquer crédito solicitado a uma organização internacional deve ser aprovado pela Assembléia Legislativa, conforme previsto na Constituição, tornando ilegal os esforços do executivo de fato.
Por sua parte, o deputado do MAS, Franklin Flores, alertou que as políticas e condições do FMI não são eficazes ‘e não podemos permitir a desvalorização da nossa moeda’.
A Bolívia está sofrendo uma crise econômica devido aos efeitos combinados da pandemia de Covid-19 e das medidas neoliberais das autoridades, que realizaram um tumulto contra o presidente constitucional Evo Morales em novembro.
PRENSA LATINA