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Brasil é país das Américas que mais mata defensores de direitos humanos

Mujeres Noticias

O Brasil é o país das Américas que mais mata defensores de direitos humanos e o mais perigoso para ativistas, segundo relatório da Anistia Internacional que chama atenção para o aumento de casos nos últimos anos.

Nas Américas, 75% das mortes de ativistas em 2017 ocorreram em terras brasileiras: de janeiro a agosto foram 58 mortes. Entre as vítimas mundo afora estão defensores do meio ambiente e do direito à terra, advogados e líderes comunitários que defendiam o direito das mulheres, de grupos LGBT e de pessoas carentes, ou que combatiam a exploração sexual.

Em 2014, no mundo todo, 136 militantes foram mortos. Em 2015, o número subiu para 156. Já em 2016, o aumento foi de 80%, chegando a 281 assassinatos de ativistas.  A Anistia Internacional aponta ainda a morte de 48 jornalistas, naquele mesmo ano, que atuavam em áreas de conflito ou dominadas pelo crime organizado.

Apenas no Brasil, em 2016, foram 66 mortes. Lideranças indígenas e trabalhadores rurais são as principais vítimas no país. O relatório lembrou diversos casos de assassinatos de ativistas. Entre eles está o de um casal de extrativistas, em 2011, em um assentamento no sudeste do Pará, estado localizado na região norte do Brasil. Outro exemplo citado foi a execução de dez posseiros, em maio de 2017, durante uma operação da polícia no sul do mesmo estado. O documento também citou a morte de um agente de saúde indígena em confronto numa fazenda em Mato Grosso do Sul, em 2016.

A Anistia Internacional destaca que muitas mortes poderiam ter sido evitadas, segundo relatos de parentes e amigos dos defensores assassinados que apontaram que pedidos de proteção às autoridades foram feitos. Entretanto, na maioria dos casos, a solicitação não foi atendida.

Segundo a entidade, a sensação de impunidade também estimula o aumento da violência contra os ativistas.

Defensora dos direitos humanos, Marielle Franco foi morta a tiros no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/Mídia Ninja
Ativista Marielle Franco foi morta a tiros no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/Mídia Ninja

Mais um caso violento

Na noite desta quarta-feira (14), no centro do Rio de Janeiro, a vereadora Marielle Franco, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), foi morta a tiros dentro do carro quando voltava para casa após participar de um evento chamado «Jovens negras movendo as estruturas».

No veículo também estavam o motorista Anderson Pedro Gomes, que morreu baleado, e a assessora de Marielle foi atingida por estilhaços, levada ao hospital e liberada.

Segundo as primeiras informações da polícia, bandidos em um carro emparelharam ao lado do veículo onde estava a vereadora e dispararam. Marielle foi atingida com pelo menos quatro tiros na cabeça. A perícia encontrou nove cápsulas no local. Os criminosos fugiram sem levar nada. A principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios é execução.

Marielle era mulher, negra, mãe, socióloga, nascida no Complexo da Maré (uma das áreas mais violentas do Rio de Janeiro) e defensora dos direitos humanos. Sua luta era especialmente pelos direitos das mulheres negras, dos moradores de favelas e periferias e na denúncia da violência policial. Também atuava como relatora da comissão do Conselho criado para fiscalizar operações policiais após o início da intervenção do Exército na segurança pública do Rio.

No dia anterior ao seu assassinato, a ativista reclamou da violência na cidade e questionou a ação da Polícia Militar. «Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?», dizia na postagem.

Já no sábado passado (10), Marielle chamou o 41º Batalhão de Polícia Militar de «Batalhão da morte» na mesma rede social. «O que está acontecendo agora em Acari é um absurdo! E acontece desde sempre! O 41° batalhão da PM é conhecido como Batalhão da morte. CHEGA de esculachar a população! CHEGA de matarem nossos jovens», escreveu ela.

Sobre o caso de Mariella, a Anistia Internacional exigiu «uma investigação imediata e rigorosa» do crime. «O Estado, através dos diversos órgãos competentes, deve garantir uma investigação imediata e rigorosa do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro e defensora dos direitos humanos Marielle Franco», destaca a entidade em nota veiculada em seu Facebook.

Assessoria de Comunicação/PSB Nacional com informações do G1

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