Grupo de Puebla convoca para confrontar extrema direita e critica Bolsonaro
América LatinaO coordenador do Grupo de Puebla e ex-candidato à Presidência do Chile, Marco Enríquez-Ominami, pediu nesta segunda-feira «alerta máximo» para uma possível vitória de José Antonio Kast nas eleições do país e pediu à esquerda latino-americana para confrontar a extrema direita, em um bloco no qual incluiu nominalmente o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
«Acho que temos que confrontar. O erro que pode ser cometido em um segundo turno no Chile é não confrontar Kast. Ele é um candidato de extrema direita, um misógino e um fascista. Se não dissermos isso, não somos audíveis», declarou à Agência Efe Enríquez-Ominami, que ficou de fora do segundo turno, marcado para 19 de dezembro.
O político progressista chegou à Cidade do México para participar de um fórum de dois dias do Grupo de Puebla, que reúne líderes de esquerda da América Latina e da Espanha. Na reunião, será discutida, entre outras questões, a situação do Chile.
Kast, que defende o modelo neoliberal instalado durante a ditadura de Augusto Pinochet, com um forte discurso anti-imigração, e o esquerdista Gabriel Boric, um defensor do estado de bem-estar, do feminismo e do ambientalismo, disputam o lugar no Palácio de La Moneda.
Enríquez-Ominami, que apoia Boric, considera que com Kast, a quem apelidou de ‘Bolsonaro chileno’, há uma ameaça à democracia e à Assembleia Constituinte que está elaborando uma nova Lei Fundamental.
«Chamo a atenção do mundo para o máximo de alerta sobre o que está acontecendo no Chile. Não é uma piada, porque depois de um Bolsonaro vem outro e depois outro», afirmou.
Enríquez-Ominami discursará à assembleia do Grupo de Puebla, que contará com a presença da ex-presidente Dilma Rousseff, do presidente da Argentina, Alberto Fernández, e do ex-presidente do governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, entre outros. Ele prometeu dizer que o progressismo está cometendo um erro ao não enfrentar a extrema direita.
Ele considerou que, diante de fenômenos como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, Bolsonaro, Kast ou o partido Vox, da Espanha, é necessário responder à extrema direita. «Caso contrário, eles farão seu caminho através das fake news», destacou.
OLHOS EM LULA
O coordenador do Grupo de Puebla comemorou que desde que este agrupamento foi criado como uma «resistência democrática», em 2019, o progressismo conquistou os governos de países como a Argentina, a Bolívia e o Peru. Agora, pensa em uma volta de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder no Brasil através das eleições do ano que vem.
O ano de 2022 será marcado na América Latina pelas eleições presidenciais brasileiras e também na Colômbia, nas quais o grupo espera que haja também uma mudança para a esquerda.
«Será um ano de esperança no povo, na integração e na grande pátria. Lula está em ascensão no Brasil e Gustavo Petro na Colômbia, um país que está sofrendo uma crise institucional como a Venezuela», comentou.
O encontro desta terça e quarta-feira será sua primeira reunião presencial desde o início da pandemia da covid-19, com o «protagonismo» do México, o primeiro país a virar à esquerda em 2018, com Andrés Manuel López Obrador.
Sobre a crise na Venezuela, um país que não tem membros no Grupo de Puebla, Enríquez-Ominami considerou que o Grupo de Lima foi um fracasso e defendeu que o mais importante é estar mais perto do país sul-americano. «Não temos que invadi-lo», ponderou.
Ele citou como exemplo a política externa da China, que em sua visão está comprometida com o diálogo e respeita a autodeterminação dos povos. O político chileno também considerou que a pandemia deixou uma América Latina «devastada», que regrediu 12 anos em matéria econômica, e afirmou que o progressismo deve «limpar a bagunça deixada pela ala direita».
EFE