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A violência política na América Latina

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Foto: Hežctor Vivas/Latincontent/Getty Images
Foto: Hežctor Vivas/Latincontent/Getty Images

No dia 1º de julho, os mexicanos irão às urnas para escolher um novo presidente da República, 128 senadores e 500 deputados, além de prefeitos e governadores. Desde o início da campanha eleitoral em setembro passado, foram assassinadas 63 pessoas, entre candidatos a prefeitos e vereadores, além de assessores desses.

“A média é de um assassinato de candidato a cada quatro ou cinco dias. É um grau de violência inaceitável em um processo eleitoral”, disse, alarmado, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.

A violência política é um clássico do México. Seu primeiro imperador, Agustín I, foi fuzilado sem julgamento quando voltou do exílio em 1824. Segundo a Associação Nacional de Prefeitos, mais de 100 prefeitos foram assassinados desde 2006. Em 2014, em Guerrero, na Região Sudoeste do país, 43 estudantes de uma escola com tradição de esquerda sofreram uma emboscada, foram executados e seus corpos nunca chegaram a ser encontrados. No ano passado, 12 jornalistas mexicanos foram assassinados e, desde o ano 2000, acumulam-se 100 assassinatos de jornalistas devido a seus trabalhos (em apenas três casos os responsáveis foram condenados).

Os assassinatos ocorreram em contextos de lutas partidárias de poder e disputas entre narcotraficantes e grupos paramilitares. O mesmo cenário se repete em vários países da América Latina. Na Colômbia, onde os eleitores foram às urnas em 11 de março para escolher um novo parlamento e votarão, em 27 de maio, no primeiro turno da eleição presidencial, 31 políticos foram assassinados até a primeira semana de março, segundo a Missão de Observação Eleitoral. Além disso, ocorreram 11 atentados (sem mortes). Em 2017, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, ocorreram 441 ataques a políticos e líderes sociais colombianos, que resultaram em 121 mortes.

Durante meio século, a guerrilha das Farc foi protagonista da violência política na Colômbia. Em 2017, o grupo se desmobilizou depois da assinatura de um acordo de paz com o governo de Juan Manuel Santos. Vários ex-integrantes das Farc, que pretendiam entrar na política depois que a guerrilha virou partido, tornaram-se alvo de violência e foram assassinados. Segundo relatório da ONU, “aparentemente as vítimas foram assassinadas por apoiar políticas derivadas do Acordo de Paz, bem como por respaldar a substituição de cultivos ilícitos (coca)”. A ONU diz que grupos paramilitares estão por trás da maioria desses assassinatos.

A América Latina tem também uma longa história de casos de assassinatos de lideranças políticas que nunca foram resolvidos. É o caso da morte do candidato presidencial mexicano Donaldo Colosio em 1994, em meio a uma grande crise econômica no país. Seu partido, o PRI, havia definido que Colosio seria o candidato à sucessão do presidente Carlos Salinas de Gortari — com quem ele tinha profundas divergências. Em 16 de março, Colosio fez um discurso exigindo mudanças na política neoliberal do presidente. “O povo tem fome e sede de justiça”, disse. Uma semana depois, Colosio foi assassinado a tiros em um comício.

Diversas teorias circularam sobre o assassinato de Colosio. Uma delas dizia que Salinas de Gortari ordenara sua execução porque o candidato “había salido del huacal” (“saído da caixa de verduras”, expressão para dizer que alguém virara a mesa). Nos anos seguintes, 15 pessoas vinculadas ao caso Colosio foram mortas. Seu assassinato foi um dos fatores que levaram ao fim da hegemonia do PRI no país. No ano 2000, o partido perdeu a Presidência para a oposição pela primeira vez. O caso Colosio continua a render desdobramentos 24 anos depois. Em 17 de março, a Procuradoria-Geral da República desmentiu que a Interpol teria provas de que Salinas de Gortari ordenara o assassinato.

No Paraguai, em 1999, o vice-presidente Luis María Argaña foi executado a bordo de sua caminhonete. Seus aliados sustentaram que o corpo de Argaña havia ficado “com mais furos do que um queijo gruyère”. Mas a autópsia só registrou duas balas no corpo. O motorista sobreviveu sem levar um tiro sequer. A seu lado, o guarda-costas morrera empapado em sangue. Na ocasião, o advogado de Argaña afirmou que os assassinos eram jagunços brasileiros enviados pelo presidente Raúl Cubas Grau e pelo general Lino Oviedo. Uma das teses sobre o crime, ainda sem solução, aponta Oviedo como o mandante do crime, já que Argaña ameaçava levá-lo à prisão. O assassinato de Argaña provocou a renúncia de Cubas Grau e a fuga de Oviedo do país. Outra tese para o assassinato é que Argaña teria sido morto por pessoas do próprio partido interessadas em prejudicar Oviedo.

Na Argentina, a política foi abalada no dia 18 de janeiro de 2015 pela morte — em estranhas circunstâncias — do promotor federal Alberto Nisman. O corpo de Nisman foi encontrado com um tiro na cabeça em seu apartamento. Ele se preparava para denunciar a então presidente Cristina Kirchner de acobertar, em troca de suculentos acordos comerciais, a participação de altas autoridades do Irã no atentado contra o prédio da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), em Buenos Aires, que causou 85 mortes em 1994. Várias evidências apontam para negligências no caso. Os guarda-costas de Nisman só entraram em seu apartamento, apesar de o procurador não responder ao telefone, após 12 horas de espera. Os policiais limparam com papel higiênico o sangue que cobria a arma. O corpo foi movido da posição original. Nas primeiras horas depois de o acharem, mais de 60 pessoas passaram pela cena do crime, sem usar calçados especiais, e pisotearam as poças de sangue. Enquanto os policiais bebiam chimarrão na cozinha, alguém no apartamento mexeu no computador de Nisman e apagou informações. O governo Kirchner tentou argumentar que se tratava de um suicídio. No final do ano passado, quase três anos após a morte de Nisman, o juiz federal Julián Ercolini a enquadrou como um assassinato. Ainda não se sabe, porém, quem foi o autor do crime nem o mandante.

 

Portal da Revista Época/Ariel Palacios

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